Porque Resgatar e Preservar a Cultura Popular?

A cultura popular é composta por conhecimentos, costumes, artes, valores, e diversas outras formas de manifestações ideológicas praticadas por um determinado grupo que constitui-se como base social de um determinado espaço geográfico.

Preservar esta cultura, do ponto de vista social, significa resgatar e acumular estes conhecimentos, artes e valores numa perspectiva histórica, dado que são estas características que identificam os indivíduos desta base social como pertencentes a uma determinada coletividade. E, ao compartilharem valores, costumes, conhecimento, etc, as ações de tais indivíduos passam a se condicionar pelas relações coletivas, visto que os interesses individuais se entrelaçam com os interesses comunitários, criando condições para que se estabeleçam relações mais justas e igualitárias.

Quando tal cultura desaparece, há, em geral, uma tendência à desagregação comunitária, pois os laços que prendiam os indivíduos enquanto pertencentes a tal grupo deixam de existir. Como conseqüência, tal fato tende a gerar atitudes de caráter individualistas e anti-sociais.

Quando pensamos o caso brasileiro, vemos claramente como a dependência cultural (muito debatido por Celso Furtado), tende a desagregar nossa sociedade. Visto como uma mimetização dos padrões de consumo da nossa elite (tecnológica e estética) em relação aos países centrais, a dependência cultural alija a genuína cultura popular e impõe um modo de vida cujas conseqüências é a concentração de riqueza (dada a dicotomia entre nível de renda per capta e modos de consumo e de produção tecnologicamente avançadas) e a não identificação dos indivíduos enquanto pertencente àquilo que se pode chamar de nação.

Portanto, resgatar e preservar a cultura popular é, em última instancia, preservar um modo de vida fundado em valores coletivos, sociais e fraternais, modo este que deve ser o norte para a construção de uma NAÇÃO.

“Um país que deixa a cultura do povo se perder nunca será uma nação”

Candeia

"Viva o Samba !"
(Texto dedicado a C. R. M. Camargo e F. H. L. Rodrigues)