domingo, 20 de novembro de 2011

Nos Caminhos da Igualdade




Frente aos festejos referentes ao mês e ao dia da Consciência Negra, nos cabe refletir sobre o seu verdadeiro significado. Às necessidades de manifestações artístico-culturais que expresse certa cultura de certa origem e identidade, dever-se-ia somar a busca de reflexões dos motivos pelos quais, após 500 anos de “Brasil”, o povo negro, maioria, cuja influencia cultural é tão patente nas formas de manifestações de toda a sociedade brasileira, não foi integrado na sociedade brasileira moderna.
 Pelo contrário, as estruturas sociais herdadas de uma conjuntura histórica particular permanecem, e o passado colonial, em suas diversas formas, sobrevive no presente, seja na forma de ocupação do território, seja na dinâmica econômica pautada por interesses exógenos ao país, seja na relação entre classes sociais, em que a questão racial passa a se associar com os dilemas socioeconômicos dos países periféricos e dependentes, fazendo com que a superação do problema anterior passe a estar relacionado com este último, e vice-versa.
É nestes marcos que, neste dia, não apenas apontamos tais problemas, mas exaltamos em geral todos aqueles que lutaram e continuam lutando pela superação dos reais problemas dos povos oprimidos em geral, e do povo negro em particular. Em particular, exaltamos Milton Santos, negro, nordestino, perseguido em tempos de ditadura, que apesar de todos os condicionantes socioeconômicos, não relutou em expor as questões centrais da sociedade humana em diversos níveis, revolucionando a forma de pensar a humanidade e o espaço.
Foi neste sentido que, nos últimos anos de sua vida, este intelectual denunciou os efeitos deletérios do desenvolvimento técnico-produtivo a qualquer custo, e em escala planetária, da sociedade ocidental, que põe em risco, através da desagregação do espaço econômico nacional e dos seus impactos ambientais, a própria existência da espécie humana, denunciando, portanto, radicalmente o processo de globalização em marcha.
Assim, sua denúncia ferrenha das desigualdades regionais e sua defesa dos povos da periferia do sistema faz de Milton Santos um intelectual verdadeiramente orgânico, cuja análise e atuação política nunca se deixaram iludir pela pura abstração metafísica da academia autocrática, tentando, na medida do possível, superar o pessimismo da razão por meio do otimismo da prática, porque, conforme escrito por Brecht, “são os que lutam a vida toda é que são imprescindíveis”!

Milton Santos: Presente !!!!!
“Estamos no Período Popular da História !”
(Milton Santos)
Abaixo, postamos um samba-enredo da GRES Camisa 12 (2003), em homenagem a Milton Santos, composto por Ceza Be, Edson Sorriso, Ezekiel Muvuca e Wagner Santos.



 Texto dedicado a Valdir Oliveira e ao saudoso camarada Maurício de Jesus.